quinta-feira, 10 de junho de 2010

Você leva seu trabalho a sério?

Tem muita mulher que reclama que mulher recebe salário menor que homem na mesma função, que batalha por igualdade de tratamento, igualdade de salário, igualdade em tudo enfim. Bate no peito e diz em alto e bom som pra quem quiser escutar que "nós, mulheres, somos tão boas funcionárias quanto qualquer homem - se não melhores".

Bacana, bato palmas para o teu discurso, até peço bis. Mas entre o discurso e a "vida real" existe pelo menos algo em comum ou é como nos filmes onde botam lá pra gente ler no final que "qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência"?

Me desculpe aí o mau jeito, mas é que eu já trabalhei com umazinhas (e umazonas também) que tinham um discurso bem assim igual ao seu, mas que faltavam ao trabalho pra ir à festinha junina do filho de cinco anos. Ah, mas é claro que festinha de filho é importante, mas venhamos e convenhamos, a gente vai se pode, ou será que você é daquelas que aparece no trabalho só se "não tem nada mais importante pra fazer"?

Já tive colega que até ia trabalhar quando o filho estava doente (uma gripe, garganta inflamada, febre, ...) mas passava o dia todo se lamentando, ligando pra babá de 15 em 15 minutos (a febre baixou? dá um banho gelado nele, depois me liga...). E depois, as lágrimas rolando até no chão: "Ai, meu Deus. Corta o coração. Vocês precisavam ver a carinha desesperada dele na hora que eu saí pra trabalhar."

Sinto muito, colega. Em mais de 30 anos de profissão eu já deixei (muitas vezes) filho doente em casa, com alguém de confiança pra cuidar, o telefone do médico e as instruções pra dar o remédio do lado do telefone. Profissional tem que saber dividir as coisas. Problema de casa a gente deixa do lado de fora da porta do escritório. 

Insensível, eu? Então tá. Mas você já viu seu chefe dar piti porque o filho está gripado ou com febre?  Não, né? Ele deixa a mulher ou a sogra tomando conta e vai à luta. Ou será que os clientes irão esperar até a semana que vem, quando o filho dele estiver 100% pra fechar negócio? Ou os fornecedores serão bem compreensivos e passarão pra receber na semana que vem?

Você não sabe (ou não quer) separar sua vida profissional da pessoal? Eu acho que da mesma forma que não devemos levar serviço pra casa ou ficar enchendo os ouvidos do marido com os problemas do escritório, também devemos poupar os colegas (e principalmente o chefe) dos detalhes dos nossos problemas pessoais que - afinal de contas - são nossos.

Quando nos colocamos na posição de "pobres vítimas que tiveram que abandonar o filho doente em casa pra vir pro serviço" deixamos evidente que não levamos nosso trabalho tão a sério assim. Que ele não é nossa prioridade e que quando acontecer algo um pouco mais sério em casa, que se dane o chefe, ele não poderá contar conosco.

Eu entendo sua atitude, acho que todas entendemos. Mas não se queixe quando um colega homem ganhar mais que você, for promovido no seu lugar. Antes de reclamar, tente lembrar quantas vezes no último ano ele faltou ao serviço ou pediu para sair mais cedo pra assistir a apresentação de balé da filha; ou para ir ver como está o filho gripado em casa; ou porque a empregada deu o cano.

Se os homens conseguem lidar com os problemas caseiros para que não interfiram no seu trabalho, então merecem ganhar mais. Se você também consegue fazer isso, aqui vai um conselho: bata na porta do seu chefe e vá reclamar com ele, ficar reclamando com os outros funcionários ou fazendo "comício" na hora do cafezinho não vai aumentar suas chances de sucesso, só vai te dar fama de baderneira e incitadora, o que vai ganhar é que vai encabeçar a próxima lista de corte de funcionários. Reclamar direitos é uma coisa, tentar fazer a cabeça dos outros funcionários pra lutarem com você é incitação de desordem. E isso não aumenta o salário de ninguém, vai por mim.

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Um comentário:

lenice disse...

Minha cara blogueira!
você esqueceu de um pequeno detalhe; o homem não se preocupa com os filhos pois quem toma conta deles é a mulher(mãe), esta preocupação está designada a ela e não a ele, por esse motivo nós não vemos os nossos chefes se queixando das doenças dos filhos. Mas,eu concordo que não devemos levar nossos problemas pessoais para dentro da empresa, e nem os problemas da empresa para casa.

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