quinta-feira, 10 de junho de 2010

O que é "assédio sexual"?

Como saber se a cantada do chefe é assédio sexual? Por definição assédio sexual é fazer uso do cargo ou autoridade sobre funcionário subalterno para obter favores sexuais. Se você deu bola pro chefe e ele a convidou pra sair, isso por si só não caracteriza assédio sexual. Pode ser antiético, mas assédio também pode não ser.

Agora, se o seu chefe ao menos insinuar, ou contar uma história comprida sobre uma funcionária que ele cantou e não topou e foi demitida, você está sofrendo assédio.

Normalmente quando sofremos assédio sexual (e quem é que já não sofreu?) algo em nosso interior dispara um alarme e nos sentimos desconfortavelmente constrangidas. Se começamos a "pisar em ovos" é porque lá no fundo sabemos que um "não" pode implicar em retaliações.

O problema do assédio sexual é que se não for devidamente provado (ao reclamante cabe o ônus da prova) a coisa não irá adiante e aí sim você sofrerá as consequências. Outras funcionárias que já "cederam à pressão", longe de apoiarem, podem não querer contar o que sofreram (afinal ninguém ficou sabendo e já é passado). 

Na verdade até eventuais testemunhas irão jurar de mãos sobre a Bíblia (as duas mãos se possível) que não viram nem ouviram nada, que não sabem de nada e que você é uma doida varrida, dessas de hospício mesmo, que tomam Gardenal pra não babar em cima da mesa, porque também querem preservar o emprego. Um chefe capaz de demitir uma funcionária que se negou a conceder favores sexuais também irá demitir qualquer um que testemunhar contra ele.

Infelizmente no Brasil até as vítimas de estupro são vistas com desconfiança, ainda prevalece a visão machista de que se o homem avançou é porque "a mulher deu corda", "deu entrada", "não se comportou como devia", "não se vestia como devia", e outras desculpas esfarrapadas que não justificam absolutamente nada.

Na verdade não interessa (ou não devia interessar) a roupa que você veste ou se é mais ou menos simpática. Se o chefe resolveu usar seu "poder" sobre você como funcionária para "forçá-la" a fazer algo que não quer fazer, é um canalha. 

Enquanto nós nos calarmos e cedermos, estamos dando nosso respaldo e contribuindo para que os canalhas como esse continuem sempre se saindo bem. Coragem, denuncie! Enfrente, ponha o salafrário em seu devido lugar. Se no final das contas você acabar sendo demitida, garanto que emprego a gente arranja outro mas os nossos valores, uma vez deixados de lado por causa de ameaças, pressão ou o que seja, infelizmente serão bem mais difíceis de restaurar.

Como eu disse lá no começo, a maioria de nós (infelizmente) sofre, sofreu ou sofrerá assédio sexual, de forma velada ou na cara dura mesmo. Será que vale a pena abrir mão de algo em que você acredita por causa de um emprego? Não sei quanto a você, mas garanto que "moral, virtude, sinceridade, honestidade", para mim têm mais valor que um emprego ou uma promoção. E cada vez que uma de nós cede, abre caminho para que muitas outras sejam pressionadas no futuro. Portanto, pense bem. Pense por você, e também por todas nós.

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